Faleceu
ontem dia 01 de julho, aos 91 anos, o médico inglês Julian Tudor Hart, um “gigante
da clínica geral” nas palavras do Professor Graham Watt. (aqui)
Julian Tudor
Hart nasceu em Londres em 1927, no seio de uma família de médicos com fortes
preocupações sociais e antifascistas, um ‘red diaper child’ nas suas próprias
palavras, uma vez que o pai Alexander Tudor-Hart era um membro ativo do Partido
Comunista da Grã-Bretanha, voluntário nas Brigadas Internacionais de ajuda ao
Governo Republicano durante a guerra civil espanhola e a mãe Alison Macbeth,
uma médica ativista do Partido Trabalhista (Labour), crescendo numa casa que o
próprio classificou como “our home among other things a transit camp for
anti-Fascist refugees from Austria, Germany and Italy.” (aqui)
Ingressou
na Universidade de Cambridge em 1947, licenciando-se em 1952, iniciando a sua
atividade como médico júnior em vários Hospitais e em consultórios de medicina
geral, trabalhou durante dois anos com Richard Doll e Archie Cochrane na área
da epidemiologia, estabelecendo-se em 1961 na vila de Glyncorrwg uma pequena
localidade mineira do Sul de Gales, onde trabalhou durante cerca de 30 anos.
Durante os
30 anos que dedicou à comunidade Glyncorrwg, Hart desenvolveu a sua atividade
como um médico de clínica geral, suportado num forte conhecimento
epidemiológico da comunidade, e em fortes preocupações comunitárias e sociais, e
inovando em diversas áreas (foi o primeiro médico de medicina geral a controlar
de uma forma sistemática a pressão arterial aos seu pacientes), provando que o
seu foco nos determinantes sociais e nos estilos influenciaram significativamente
a saúde de Glyncorrwg quando comparada com a população de Blaengwynfi, uma
comunidade próxima onde a mortalidade era mais elevada. (aqui)(aqui)
Em 1971
publica na revista Lancet o seu artigo mais conhecido “The Inverse Care Law” (aqui) onde
descreve a relação perversa entre a necessidade de cuidados de saúde e a sua
utilização real, explicitando por outras palavras que os que mais precisam de cuidados
de saúde são os menos propensos a recebê-los, enquanto aqueles que têm menos
necessidades de cuidados de saúde tendem a usar mais os serviços de saúde (e de
forma mais eficaz), “ The availability of good medical care tends to vary
inversely with the need for the population served. This inverse care law operates more completely where medical care is
most exposed to market forces, and less so where such exposure is reduced. The market distribution of medical care is a
primitive and historically outdated social form, and any return to it would
further exaggerate the maldistribution of medical resources.”
Julien
Tudor Hart deixou-nos na semana em que se comemora o 70.º aniversário da
criação do serviço nacional de saúde britânico, o #70NHS.
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