A revista
Economist recuperava no dia 31 de maio no artigo “As rich children slim down, poor ones are getting fatter. The gap in childhood obesity rates is growing” os
dados publicados pelo National Child Measurement Programme (NCMP) que
demonstravam que a prevalência da obesidade entre crianças mais pobres (10%
mais desfavorecidas) é o dobro da encontrada nas crianças mais ricas (10% mais favorecidas)
confirmando os resultados encontrados no estudo publicado na revista Lancet (Public
Health) de Abril passado, “Socioeconomic inequalities in childhood and adolescente
body-mass index, weight, and height from 1953 to 2015: an analysis of four
longitudinal, observational, British birth cohort studies”. (aqui)
As rich children slim down, poor ones are getting fatter. The gap in childhood obesity rates is growing |
No referido
trabalho publicado na Lancet os investigadores utilizaram os dados de quatro
estudos longitudinais, observacionais e de coorte, britânicos, referentes a
1946, 1958, 1970 e 2001, referentes a crianças dos 7, 11 e 15 anos de idade,
comparando o peso, a estatura, o Índice Massa Corporal (IMC) e as condições
socioeconómicas dos pais, examinando a associação entre as posições
socioeconómicas e os dados antropométricos.
Os
resultados obtidos mostraram que as crianças da coorte de 2001 eram mais altas,
mais pesadas e tinham um maior IMC nas idades estudadas (7, 11 e 15 anos) em
comparação com as crianças nascidas anteriormente, ao mesmo tempo que mostravam
uma reversão das tendências verificadas anteriormente, uma vez que nos anos de
1946 a 1970, as crianças das classes socioeconomicamente mais desfavorecidas
apresentavam um peso, uma estatura e um IMC mais baixos.
Perante a
associação conhecida entre a obesidade e os determinantes sociais da saúde (aqui),
destacando-se no trabalho de Marmot (aqui) o forte impacto da renda e da privação
social, nos resultados dos trabalhos da Fundação “Guy´s e St Thomas Charity” que mostram que os pais preocupados em pagar a renda da casa e a eletricidade
têm menor probabilidade em pensar em cozinhar uma refeição saudável (aqui), e a
ligação entre a exposição aos estabelecimentos de comida rápida que fornecem
produtos ultraprocessados e o aumento do consumo destes produtos com o crescimento
da obesidade e da diabetes (aqui), são necessárias políticas públicas que combatam as
desigualdades em saúde, citando Michael Marmot, “If you want to solve the
obesity problem, you have to solve the inequality problema first.”
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