A
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou hoje,
15 junho de 2018, o relatório “Um elevador social quebrado? Como promover a
mobilidade social” que apresenta como principais conclusões: o aumento da desigualdade
de rendimentos desde 1990 e a estagnação da mobilidade social (aqui)
Os resultados
agora apresentados mostram que uma criança de uma família pobre, leva em média 5
gerações (150 anos) para alcançar o rendimento de uma família média dos países
incluídos no estudo da OCDE, contrariando o progresso verificado entre os anos
de 1955 e 1975.
No período
de quatro anos apresentado neste relatório, cerca de 60% das pessoas
permaneceram aprisionadas à faixa dos 20% dos rendimentos mais baixos, enquanto
70% permaneceram no topo das classes de rendimentos. Ao mesmo tempo, uma em
cada sete famílias de classe média e uma em cada cinco pessoas que vivem mais
próximos dos rendimentos mais baixos perderam 20% dos seus rendimentos. “ Over the four year period observed in this report,
about 60% of people remained stuck in the lowest 20% income bracket, while 70%
remained at the top. At the same time, one-in-seven of all middle class
households, and one-in-five of people living closer to lower incomes, fell into
the bottom 20%.”
Os resultados
apresentados mostram uma variação significativa entre países, apresentando os
países nórdicos uma mobilidade social de 2 a 3 gerações (60 a 90 anos) enquanto
os países de economias emergentes apresentam uma mobilidade social até 9
gerações 270 anos).
Portugal (aqui)situa-se entre os países da OCDE (Áustria, Coreia do Sul, Estados Unidos
América, Irlanda, Itália, Reino Unido e Suíça) onde podem ser necessárias 5
gerações (150 anos) para que os descendentes de uma família de baixos
rendimentos alcancem os rendimentos médios.
O estudo
confirma que a mobilidade social entre gerações não é uniformemente distribuída,
mostrando que os cidadãos que tem rendimentos mais baixos (20% inferiores) têm
poucas possibilidades de subir durante um período de 4 anos (67% permanecem
neste quintil) enquanto para os para os cidadãos dos rendimento mais altos (20%
superiores) o valor é ainda mais forte uma vez que 69% permanecem neste classe
de rendimentos.
A OCDE avança que a falta de mobilidade para as pessoas de rendimentos mais baixos em Portugal “ pode estar relacionada com o elevado nível de desemprego de longa duração e a segmentação do mercado de trabalho” uma vez que os desempregados de longa duração permanecem emperrados na parte inferior da escala de rendimentos e os trabalhadores sujeitos a contratos temporários não conseguem garantir estabilidade de rendimentos.
A OCDE avança que a falta de mobilidade para as pessoas de rendimentos mais baixos em Portugal “ pode estar relacionada com o elevado nível de desemprego de longa duração e a segmentação do mercado de trabalho” uma vez que os desempregados de longa duração permanecem emperrados na parte inferior da escala de rendimentos e os trabalhadores sujeitos a contratos temporários não conseguem garantir estabilidade de rendimentos.
Os resultados
agora apresentados confirmam as evidências já publicadas de que existe uma
forte correlação entre a desigualdade actual e a desigualdade intergeracional,
ou seja, entre a desigualdade e a baixa mobilidade social, fazendo com que quanto
mais desigual é uma sociedade, menor é a probabilidade da próxima geração se elevar,
confirmando que a mobilidade social é maior entre os países com menores
desigualdades de rendimento, contrariando a metáfora de Schumpeter (aqui) que
alimentou durante muitos anos o “sonho americano”, «social mobility will do: at
every given moment of time there are rich and poor but as we extend the time
period, today’s rich are yesterday’s poor and vice-versa. The guests from the ground floors (or at least their
children) have made it to the top; those from the top might have tumbled down
to the bottom. »
O estudo
agora publicado confirma o trabalho apresentado por Alan B. Krueger em 2012 e
conhecido pela “ Grande Curva de Gatsby”. (aqui)
A falta de
mobilidade social e as desigualdades em geral estão fortemente associadas aos
determinantes da “saúde-doença” (aqui), uma vez que desde há muito que se conhece que a disponibilidade e o acesso aos serviços de saude são menores para as populações com mais necessidades (as mais desfavorecidas e de pior saúde) - lei dos cuidados inversos, (aqui)(aqui),
e que as desigualdades em saúde mostram claramente que a pobreza causa
problemas de saúde.(aqui)
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