segunda-feira, 11 de novembro de 2019

OS GANHOS EM ESPERANÇA DE VIDA ESTÃO A ESTAGNAR. HEALTH AT A GLANCE 2019, OCDE


O relatório anual “Health a Glance 2019” publicado pela OCDE no passado dia 07 de novembro destaca como principal preocupação a desaceleração no aumento da esperança média de vida nos últimos anos, em particular entre os países mais desenvolvidos, confirmando os resultados apresentados em 2017 pelo Professor Michael Marmot, para o Reino Unido. No estudo de Marmot (aqui) referente ao período de 2012-2015 os resultados mostravam uma estagnação na longevidade ao contrário do que tinha vindo a suceder desde o final da II Guerra Mundial com um crescimento contínuo da esperança de vida.
Esperança média de vida 1970 e 2017 (ou ano mais próximo)
De acordo com os dados agora publicado 27 países da OCDE experimentaram uma estagnação nos ganhos em longevidade nos anos de 2012-17, quando comparados com a década de 2002-07, sendo essa desaceleração mais acentuada nos Estados Unidos, na França, na Holanda, na Alemanha e no Reino Unido, afetando mais as mulheres do que os homens em quase todos os países da OCDE.

O relatório foca com particular atenção o ano de 2015, uma vez que a esperança média de vida caiu nesse ano pela primeira vez desde 1970. Nesse ano dezanove países registaram uma redução na longevidade, atribuída a um surto de gripe particularmente grave que matou muitos idosos frágeis e outros grupos vulneráveis. A maioria desses países eram europeus, com exceção dos Estados Unidos e Israel. As maiores diminuições verificaram-se na Itália (7,2 meses) e na Alemanha (6 meses).
Desaceleração nos ganhos de esperança média de vida, 2012-17 e 2002-07
As causas para esta desaceleração nos ganhos de esperança de vida são multifacetadas (aqui), mas todas elas envolvem os determinantes sociais da saúde e as desigualdades em saúde, já anteriormente verificadas no trabalho de Anne Case e Angus Deaton nos Estados Unidos da América (aqui), sejam a obesidade e a diabetes, seja a crise dos opiáceos ou as medidas de austeridade impostas a quando da crise económica global de 2008.

Recordando que um rendimento nacional mais elevado está associado positivamente com o aumento da longevidade, favorecendo em particular os níveis de rendimento mais baixo, o relatório sublinha que a esperança média de vida também é, em média, mais longa nos países que investem mais em sistemas de saúde - embora essa relação tenda a ser menos pronunciada nos países com os maiores gastos per capita em saúde.

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