Na semana que
termina o jornal Expresso (aqui) e o jornal Público (aqui), publicaram dois artigos, acerca
da alimentação dos portugueses. Um acerca da má alimentação e das suas
consequências " Portugueses estão a mudar a dieta. Para pior " e o
outro de opinião juntando alimentação, saúde e neoliberalismo "Impostos e
gordura” que tinha com subtítulo “O neoliberalismo tem-se relacionado com o
aumento da obesidade. O neoliberalismo faz mal à saúde. Isto anda mesmo tudo
ligado.”
Para muitos
parecerá estranho misturar alimentação e neoliberalismo, preconceito
ideológico ou mesmo demagogia. Mas a mim sugeriu-me a recordação do livro
publicado em 2015 " How Politics Makes Us Sick. Neoliberal Epidemics” de
Ted Schrecker e Clare Bambra, investigadores na área dos determinantes sociais
da saúde e professores na Universidade de Durham, onde os autores avaliam os
efeitos sobre a saúde de três décadas de políticas neoliberais, tendo como foco
os seus efeitos sobre a saúde e os seus determinantes sociais. Para os autores
são quatro as epidemias neoliberais: a austeridade, a obesidade, o stress e a
desigualdade.
Reconhecendo que a epidemia da obesidade não tem uma única causa,
a Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde da OMS diz que é “ a good
example of a socially patterned health outcome that is a consequence of changes
in a constellation of social factors. The interconnected nature of the causes of obesity has generated often comprising coherent sectoral responses and community-level action” e uma construção
social e económica uma vez que “obesity is not caused by moral failure on the part of individuals but by the excess availability of high-fat and high-sugar foods.”
Para Ted
Schrecker e Clare Bambra a obesidade é uma epidemia neoliberal por várias
razões “ Obesity is a neoliberal epidemic for several reasons. These include: (1) economic and social policies that have meant fewer people can afford a healthy and balanced diet; (2) increasing time poverty, as when the demands of work (often on unpredictable schedules), transportation, and (especially for women) child care within ‘flexible’ labour markets are combined, there is not much time or energy left for eating a healthy diet and the attraction of a quick stop at the shopping park’s fast food outlet are strong; (3) the role of aggressive corporate marketing of unhealthy, energy-dense foods, notably as multi-national supermarkets, manufacturers of ultra-processed food and fast food chains expand into developing economies with the lowering of barriers to foreign investment.This helps to explain why overweight and obesity are now also rising rapidly in many middle- and some low-income countries, with prevalence in Mexican adults comparable to levels in the United States.”
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