quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

AS DESIGUALDADES TÊM AUMENTADO NOS NOS ÚLTIMOS 30 ANOS

De vez em quando a imprensa (aqui) dá-nos notícias das desigualdades, normalmente antes da Cimeira de Davos, organizada pelo World Economic Forum onde se reúne a elite mundial dos negócios. Este ano os principais jornais do mundo deram a conhecer o relatório da OXFAM, "WEALTH: HAVING IT ALL AND WANTING MORE" chamando a atenção dos seus leitores para esta "Era de Desigualdades", “Les 62 personnes les plus riches au monde possèdent autant que les 3,5 milliards les plus pauvres” titulava o “Le Monde”, ou “Wealth Inequality Rising Fast, Oxfam Says, Faulting Tax Havens” no "New York Times".


Mas raramente a imprensa internacional abre espaço para a discussão das suas causas. A este propósito vale a pena recordar que foi com as alterações económicas e sociais observadas mundialmente com a crise económica dos anos 70, e com o triunfo das receitas de Hayek e Friedman, implementadas por Margaret Thatcher (Reino Unido) e Ronald Reagan (EUA) e Deng Xiaoping (China) seguindo a mesma ideologia "to be rich is to be glorious” nos anos 80 e mais tarde consolidadas no Consenso de Washington (aqui), dando origem a um mundo marcado pela globalização, pela liberalização dos mercados financeiros e dos fluxos internacionais do capital (controlo da inflação, credito barato, “financeirização”), com um aumento do poder das empresas e uma concentração do poder económico privado.

Neste novo mundo retratado por Branko Milanovic, “... they have failed to deliver a much happier society. Money, very unequally distributed, has fuelled corruption, allowed ostentatious living, trivialized concern with poverty of others through often fake rich-owned toy organizations that are ostensibly supposed to help the poor, reduced essential social services in which the idea of citizenship was embodied, like education and health. Western societies have become much richer, but, to use the famous Thatcher’s quip, they have become much less societies: they are often just collections of mutually competing individuals. China has become immensely richer than in 1978, but it is one of the few countries in the world where people are every year becoming less happy, according to World Values Survey. And the same neoliberal programs, applied in Russia, after nearly failing to destroy the country, have led to massive increases in mortality and destroyed any social bonds and replaced them with anomie and cynicism." (aqui)

Mais do que nunca justifica-se a epígrafe deste Blog:

“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.”
 José Saramago

Por aqui continuaremos a desinquietar.




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