domingo, 29 de maio de 2016

260.000 MORTES ENTRE 2008 - 2010 ASSOCIADAS AO AUMENTO DO DESEMPREGO E AOS CORTES NAS DESPESAS PÚBLICAS

Um estudo recente publicado na edição de 28 de maio da revista LancetEconomic downturns, universal health coverage, and cancer mortality in high-income and middle-income countries, 1990 – 2010: a longitudinal analysisconcluiu que o desemprego e a redução das despesas pública em saúde resultantes da crise económica mundial de 2008 estão associados ao aumento da mortalidade por cancro.
Com dados de mais de 70 países, os autores usaram uma análise de regressão multivariada que avaliou a alteração de cada um das variáveis estudadas, desemprego e gastos públicos em saúde, relacionando-as com a mortalidade por cancro. Para a investigação escolheram a mortalidade por 6 cancros (próstata, mama nas mulheres, colon e reto homens e mulheres, pulmão homens e mulheres).

Entre as principais conclusões, os autores encontraram uma associação entre o aumento de 1% do desemprego e o aumento significativo da mortalidade padronizada por idade nos cancros tratáveis (mama, próstata, cólon e reto) concluindo que o aumento do desemprego diminuiu o acesso aos cuidados de saúde eficazes, mitigado nos países de cobertura universal de saúde, e um aumento de 0.0053 mortes por todos os tipos de cancro por uma redução de 1% nos gastos públicos em saúde, concluindo os autores que a crise económica mundial de 2008 provocou um aumento estimado de 263.211 mortes por cancro entre 2008 e 2010 nos países pertencentes à OCDE, das quais 169.219 na União Europeia.
O estudo agora publicado é a primeira análise global para o estudo dos efeitos do desemprego e das mudanças nas despesas públicas em saúde na mortalidade por cancro que em 2012 causou cerca de 8.2 milhões de mortes e 14 milhões de novos casos diagnosticados, sugerindo que os sistemas de cobertura universal de saúde podem proteger os pacientes contra as consequências sobre a saúde do aumento do desemprego e da redução das despesas públicas em saúde. As conclusões deste estudo associam-se às conclusões de outros estudos já publicados que demonstraram o impacto da crise económica e social de 2008 (com o aumento substancial do desemprego e os cortes nas despesas públicas) sobre a saúde física e mental, provocando aumentos de suicídio ou de doença cardiovascular.
Num comentário publicado pela Lancet, ao artigo publicado, Graham A Colditz e Karen M Emmons da Division of Public Health Sciences, Washington University School of Medicine, St Louis, e da Kaiser Foundation Research Institute, Oakland, dos EUA, concluem que a implementação de sistemas de cobertura universal, um dos objetivos chave para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (aqui), reduziriam a mortalidade por cancro e tornariam possível a implementação de estratégias de prevenção e de tratamento baseadas na evidência.

Although in many countries universal health coverage is seen as an important societal investment, so far this has not been the case in the USA. The country might find the promise of improving treatments difficult to achieve without first providing coverage to those affected by cancer. Universal health coverage, specifically for all patients with cancer, would meet the Institute of Medicine recommendation to reduce disparities in access to cancer care for vulnerable and under served populations. Furthermore, universal cancer coverage would generate a great return on investment.” (aqui)

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