Um estudo recente publicado na edição de 28 de maio
da revista Lancet “Economic downturns, universal health coverage, and cancer mortality in high-income and middle-income countries, 1990 – 2010: a longitudinal analysis” concluiu que o desemprego e a redução das despesas
pública em saúde resultantes da crise económica mundial de 2008 estão
associados ao aumento da mortalidade por cancro.
Com dados de mais de 70 países, os autores usaram
uma análise de regressão multivariada que avaliou a alteração de cada um das
variáveis estudadas, desemprego e gastos públicos em saúde, relacionando-as com
a mortalidade por cancro. Para a investigação escolheram a mortalidade por 6
cancros (próstata, mama nas mulheres, colon e reto homens e mulheres, pulmão
homens e mulheres).
Entre as principais conclusões, os autores encontraram
uma associação entre o aumento de 1% do desemprego e o aumento significativo da
mortalidade padronizada por idade nos cancros tratáveis (mama, próstata, cólon
e reto) concluindo que o aumento do desemprego diminuiu o acesso aos cuidados
de saúde eficazes, mitigado nos países de cobertura universal de saúde, e um aumento
de 0.0053 mortes por todos os tipos de cancro por uma redução de 1% nos gastos
públicos em saúde, concluindo os autores que a crise económica mundial de 2008
provocou um aumento estimado de 263.211 mortes por cancro entre 2008 e 2010 nos
países pertencentes à OCDE, das quais 169.219 na União Europeia.
O estudo agora publicado é a primeira análise global
para o estudo dos efeitos do desemprego e das mudanças nas despesas públicas em
saúde na mortalidade por cancro que em 2012 causou cerca de 8.2 milhões de
mortes e 14 milhões de novos casos diagnosticados, sugerindo que os sistemas de
cobertura universal de saúde podem proteger os pacientes contra as
consequências sobre a saúde do aumento do desemprego e da redução das despesas públicas
em saúde. As conclusões deste estudo associam-se às conclusões de outros
estudos já publicados que demonstraram o impacto da crise económica e social de
2008 (com o aumento substancial do desemprego e os cortes nas despesas
públicas) sobre a saúde física e mental, provocando aumentos de suicídio ou de doença
cardiovascular.
Num comentário publicado pela Lancet, ao artigo
publicado, Graham A Colditz e Karen M Emmons da Division of Public Health
Sciences, Washington University School of Medicine, St Louis, e da Kaiser Foundation
Research Institute, Oakland, dos EUA, concluem que a implementação de sistemas
de cobertura universal, um dos objetivos chave para a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (aqui), reduziriam a mortalidade por
cancro e tornariam possível a implementação de estratégias de prevenção e de
tratamento baseadas na evidência.
“Although in many
countries universal health coverage is seen as an important societal
investment, so far this has not been the case in the USA. The country might find
the promise of improving treatments difficult to achieve without first
providing coverage to those affected by cancer. Universal health coverage,
specifically for all patients with cancer, would meet the Institute of Medicine
recommendation to reduce disparities in access to cancer care for vulnerable
and under served populations. Furthermore, universal cancer coverage would
generate a great return on investment.” (aqui)
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