terça-feira, 17 de maio de 2016

SABE O QUE SÃO PRODUTOS ULTRAPROCESSADOS

O aumento da produção e consumo de alimentos processados e de produtos ultraprocessados é uma das causas da atual pandemia de obesidade e de doenças crónicas. No entanto o processamento industrial de alimentos é muitas vezes desconhecido da comunidade e mesmo ignorado em estudos sobre o consumo alimentar das populações e em recomendações dietéticas.
Nos nossos dias praticamente todos os alimentos que consumimos são processados de alguma maneira. Ao longo de toda a história da humanidade, o processamento dos alimentos (preparar, cozinhar e conservar) desempenhou um papel na evolução e na adaptação dos seres humanos. Ao longo do tempo fomos capazes de usar o fogo, o ar e o sal para preparar e cozinhar ou conservar os alimentos, permitindo o desenvolvimento das civilizações e das sociedades. A industrialização, com a aplicação de sucessivas e eficientes formas de mecanização, permitiu que a partir de meados do século XIX fosse possível fabricar em massa, pão, bolachas, bolos e produtos de carne, diminuindo a insegurança alimentar das populações, abrindo portas para que com o final da II Guerra Mundial o processamento dos alimentos se desenvolvesse rapidamente, integrando novos processos científicos e tecnológicos, ao mesmo tempo que passava a integrar nos produtos processados, mais gorduras e açúcares.
Nos anos 80, os hábitos alimentares das populações de todo o mundo alteraram-se profundamente através da introdução de produtos de sabor agradável, elaborados a partir de ingredientes baratos a que se passaram a juntar aditivos, fabricados e distribuídos por todo o mundo por grandes corporações internacionais. Foi assim que nasceram os produtos ultraprocessados.

De acordo com a classificação do sistema NOVA (aqui) (aqui), podemos agrupar os alimentos de de acordo com a sua natureza, a sua finalidade e o grau de processamento em alimentos não processados ou com um processamento mínimo; ingredientes culinários processados; alimentos processados e produtos ultraprocessados.
  1. Alimentos não processados ou com um processamento mínimo – são aqueles a quem se lhes pode eliminar uma parte, aos quais não se introduziu qualquer substância nova, (como gordura, açúcar ou sal), e que não experimentaram qualquer processo industrial – ovos, leite, peixe, carne, frutas frescas, marisco, secas ou congeladas, verduras, cereais e leguminosas. As técnicas de processamento mínimo prolongam a duração dos alimentos, ajudam na sua preparação e no seu uso e dão-lhes um sabor mais agradável;
  2. Os ingredientes culinários processados - são substâncias extraídas e purificadas pela industria a partir de componentes dos alimentos ou obtidas da natureza (como as gorduras, o azeite, os óleos, o sal e o açúcar). Geralmente não se consomem sozinhas, sendo o seu papel principal na alimentação, a preparação de alimentos,
  3. Os alimentos processados - são elaborados a partir da agregação de gorduras, azeite, óleos, açúcares, sal e outros ingredientes culinários a alimentos minimamente processados, para os tornar mais duradouros e saborosos. Vários tipos de pão, queijos, peixes, marisco, carnes salgadas ou curadas, frutas, leguminosas e verduras em conserva.
  4. Produtos ultraprocessados – são formulações industriais elaboradas a partir de substâncias derivadas de alimentos ou sintetizadas de outras fontes orgânicas, são invenções da ciência e da tecnologia alimentar industrial moderna. Requerem pouca ou nenhuma preparação culinária, estão prontos para consumir ou para aquecer. A maioria destes produtos contêm poucos alimentos inteiros ou mesmo nenhuns. Algumas das substâncias usadas, como as gorduras, os óleos, os amidos e o açúcar derivam diretamente dos alimentos, outras obtém-se a partir do processamento adicional de certos componentes alimentares, como a hidrogeneização dos óleos ( gerando gorduras trans) da hidrólise das proteínas e da “purificação” dos amidos. A grande maioria dos ingredientes na maior parte dos produtos ultraprocessados são aditivos (aglutinantes, aumentadores de volume “bulkers”, estabilizadores, emulsificantes, corantes, aromatizantes, potenciadores sensoriais e solventes) e muitas vezes aos produtos ultraprocessados aumenta-se-lhes o volume com ar e água. Podem ser “fortificados” com micronutrientes sintéticos. Incluem pastas fritas vendidas em pacote como snacks/aperitivos, doces e salgadas; gelados, chocolates, guloseimas; pão, bolos, tortas, bolachas empacotadas; cereais adoçados para pequeno almoço; compotas, geleias e marmeladas; barras “energizantes” de cereais; refrigerantes, bebidas açucaradas à base de leite, iogurtes líquidos, bebidas de chocolate, bebidas e nectares de fruta, leite “maternizado”, papas e outros produtos para bebés, produtos “saudáveis” ou para “emagrecer” em pó para “fortificar” ou substituir refeições. Muito destes produtos, estão para comer, tanto em casa como em locais de comidas rápidas, e, incluem pratos reconstituídos e preparados de carne, de peixe, mariscos, vegetais ou queijo, pizzas, hambúrgueres, salsichas, batatas fritas, nugetts ou palitos de peixe ou de aves, sopas, pastas e sobremesas, em pó ou embaladas. Muitas vezes parecem-se com as refeições preparadas em casa mas a lista dos ingredientes demonstram que o não são.

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