Passaram, quase, 10 anos sobre a crise financeira
mundial, e o mercado de trabalho mundial ainda não atingiu os níveis de 2007.
Os
dados hoje publicados pela OCDE “ OECD Employment Outlook 2016” (aqui) que apontam para uma retoma desigual, e para um desemprego
demasiado elevado num número considerável de países europeus pertencentes à
OCDE, afetando em particular os trabalhadores com menos qualificações, os mais
jovens, as mulheres trabalhadoras, muitos dos países europeus como a Grécia, a Hungria,
a Itália, a Polónia, a Eslováquia, a Espanha, a Turquia e Portugal, viram
piorar os ganhos no trabalho (o salário por hora trabalhada ajustada da
desigualdade), a insegurança do mercado de trabalho (a perda de rendimento
associada a uma situação de desemprego) e a qualidade do ambiente de trabalho
(trabalhadores que trabalham sob tensão).
Em termos gerais, a organização conclui que
comparando os indicadores de 2007 com os de 2013, “é claro que a crise teve um
efeito negativo na qualidade do emprego na maioria dos países da OCDE, ao
degradar consideravelmente a segurança do mercado de trabalho”. Este é o
resultado do impacto combinado entre o aumento substancial do risco de
desemprego e uma baixa taxa de substituição de rendimentos conseguida através
da proteção social no desemprego. Sobretudo porque muitos desempregados de
longa duração esgotaram o direito ao subsídio e não conseguiram voltar ao
mercado de trabalho.
Perante esta situação e a falta de respostas
adequadas que minimizem estes impactos na saúde das comunidades, será
previsível o agravamento das desigualdades em saúde tendo em conta o fator
trabalho, uma vez que as condições de trabalho são um importante determinante social
da saúde por causa da enorme quantidade de tempo que passamos nos nossos locais
de trabalho.
As pessoas que já são mais vulneráveis a problemas de saúde como
consequência do seu baixo rendimento e menor escolaridade também são mais
propensas a experienciar piores condições de trabalho.
A investigação identificou uma série de dimensões do trabalho que determinam os resultados em saúde:
A investigação identificou uma série de dimensões do trabalho que determinam os resultados em saúde:
1)
Segurança no emprego:
2)
As condições físicas do trabalho;
3)
Ritmo de trabalho e stress;
4)
Horário de trabalho;
5)
Oportunidades para o desenvolvimento individual no
trabalho e para autoexpressão;
Empregos altamente stressantes predispõem as pessoas
à hipertensão arterial, às doenças cardiovasculares, e ao desenvolvimento de
problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade.
A investigação publicada mostrou que os desequilíbrios
entre as exigências (por exemplo: pressões de tempo, e responsabilidade) e as
recompensas (por exemplo: o salário, o respeito dos supervisores) levam muitas
vezes a problemas significativos.
Por outro lado o desemprego conduz frequentemente à
privação material e social, ao stress psicológico, e à adoção de comportamentos
que põem em risco a saúde. O desemprego está associado ao aumento de problemas
de saúde físicos e mentais, nomeadamente à depressão, à ansiedade e ao
suicídio.
Tudo isto vem a propósito dos dados hoje publicados pela OCDE, “ OECD Employment Outlook 2016”, onde a OCDE faz uma análise a vários indicadores para perceber qual o impacto da crise na qualidade do emprego, concluindo que:
Tudo isto vem a propósito dos dados hoje publicados pela OCDE, “ OECD Employment Outlook 2016”, onde a OCDE faz uma análise a vários indicadores para perceber qual o impacto da crise na qualidade do emprego, concluindo que:
1)
“Mesmo em países onde a estagnação do mercado de
trabalho foi superada, a falta de qualidade de alguns empregos e o elevado
nível de desigualdades no mercado de trabalho são aspetos preocupantes. Muitos
dos trabalhadores que ficaram sem emprego durante a Grande Recessão estão de
novo a trabalhar, mas o crescimento dos salários continua a ser insuficiente e muitos
trabalhadores sofrem de stress ocupacional. Muitos dos trabalhadores deslocados
de empregos na indústria e na construção durante a Grande Recessão verificaram
que as suas competências e experiência não os habilitavam aos empregos com uma
remuneração melhor que estão a ser criados no setor dos serviços.”
2)
“(Que)… os jovens pouco qualificados que não têm
emprego nem estão a estudar nem a receber formação (os chamados “NEM-NEM”)
correm o risco de ficar para trás. Em 2015, 15% dos jovens de 15‑29anos de idade na área da OCDE
enquadravam‑se nesta
categoria, registando uma subida moderada relativamente aos valores registados
pouco antes da crise global em 2007. Em média, 38% de todos os NEMNEM não
concluíram o 2.º ciclo do ensino secundário na área da OCDE e é menos provável
que estejam ativamente a procurar emprego do que os NEM-NEM com mais anos de
escolaridade (33% contra 45%). Quase um terço dos NEM-NEM pouco qualificados
vivem num agregado familiar com desempregados (isto é, um agregado familiar
onde não existe um adulto com emprego), o que sugere que muitos dos indivíduos pertencentes
a este grupo estão confrontados com rendimentos reduzidos e oportunidades
limitadas no mercado de trabalho.”
Finalmente e como curiosidade fica aqui o gráfico
das horas trabalhadas nos países da OCDE:
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