Declaração de Oslo da Associação Médica Mundial sobre os Determinantes Sociais da Saúde.
Adotada
pela 62ª Assembleia Geral da AMM, Montevideo, Uruguai, Outubro 2011,
tendo o título (Tomada de Posição para Declaração) mudado na 66ª
Assembleia Geral da AMM, Moscovo, Rússia, outubro 2015
Os
determinantes sociais da saúde são as condições em que as pessoas
nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem e as influências
sociais sobre estas condições. Os determinantes sociais da saúde
são as principais influências sobre a qualidade de vida, incluindo
uma boa saúde, e da duração da expectativa de vida livre de
incapacidade. Enquanto os cuidados de saúde tentam juntar as peças
e reparar os danos causados por problemas de falta de saúde
prematura, são esses fatores sociais, culturais, ambientais,
económicos e outros que são as principais causas dos índices de
doença e, em particular, da magnitude das desigualdades na saúde.
Historicamente,
o principal papel dos médicos e dos outros profissionais de saúde
tem sido tratar os doentes - um papel vital e muito valorizado em
todas as sociedades. Em menor grau, os profissionais de saúde têm
lidado com as exposições individuais para as causas da doença -
tabagismo, obesidade e álcool na doença crónica, por exemplo.
Estes aspectos comuns dos estilos de vida podem ser consideradas como
causas 'imediatas' da doença.
O
trabalho sobre os determinantes sociais vai muito para além deste
foco nas causas próximas e considera as "causas das causas".
Por exemplo, o tabagismo, a obesidade, o álcool, o sedentarismo são
causas de doença. A abordagem dos determinantes sociais aborda as
causas dessas causas; e, em particular, como elas contribuem para as
desigualdades sociais em saúde. Centra-se não só sobre os
comportamentos individuais, mas procura abordar as circunstâncias
sociais e económicas que dão origem a problemas de saúde
prematuros, durante toda a vida: as condições do desenvolvimento na
infância, da educação, do trabalho e das condições de vida
início, e as causas estruturais que produzem estas condições de
vida e de trabalho. Em muitas sociedades, comportamentos não
saudáveis acompanham o gradiente social: quanto mais baixas estão
as pessoas na hierarquia socioeconómica, mais elas fumam, pior é
sua dieta, e menos atividade física praticam. Uma causa principal,
mas não única, da distribuição social dessas causas é o nível
de educação. Outros exemplos específicos para abordar as causas
das causas são: o preço e a disponibilidade, que são
factores-chave do consumo de álcool; a tributação, a rótulagem
das da embalagens, as proibições de publicidade e fumar nos locais
públicos, que têm efeitos demonstráveis sobre o consumo de tabaco.
A voz da profissão médica tem sido muito importante nestes exemplos
de abordagem às causas das causas.
Há
um movimento crescente, a nível mundial, que procura abordar as
grandes desigualdades em saúde ao longo da vida através da ação
sobre os determinantes sociais da saúde. Este movimento tem
envolvido a Organização Mundial de Saúde, vários governos
nacionais, organizações da sociedade civil e académicos.
Procuram-se soluções e comprartilha-se a aprendizagem. Os médicos
devem ser participantes bem informados neste debate. Muito do que
pode acontecer pode passar diretamente pela prática da medicina ou
pelo trabalho conjunto desta com outros setores. A profissão médica
pode ser uma defensora ativa de ações sobre as condições sociais
que tenham efeitos importantes sobre a saúde.
A
Associação Médica Mundial (AMM) pode acrescentar um significativo valor
aos esforços mundiais para abordar os determinantes sociais,
ajudando os médicos, os outros profissionais de saúde e as
associações médicas nacionais a compreenderem o que as evidências
emergentes demonstram e a forma como funcionam, em diferentes
circunstâncias. Pode ajudar os médicos a fazer lobby de forma mais
eficaz dentro de seus países e fora deles, e assegurar que o
conhecimento e as competências médicas sejam partilhados.
A
AMM deve ajudar a reunir informação de exemplos que funcionam e
ajudar os médicos e os outros profissionais de saúde a
envolverem-se em tentar encontrar soluções novas e inovadoras.
Deve trabalhar com as associações nacionais para educar e informar
os seus membros a exercerem pressão sobre os governos nacionais de
forma a tomarem as medidas adequadas para tentar minimizar estas
causas de doença prematura. Na Grã-Bretanha, por exemplo, o governo
emitiu um documento técnico de saúde pública que tem como foco a
redução das desigualdades em saúde através da acção sobre os
determinantes sociais da saúde; a nível local diversas autoridades
elaboraram planos de ação; existindo bons exemplos de prática
global que mostram que o trabalho plurisectorial melhora a qualidade
de vida das pessoas reduzindo as desigualdades em saúde. A AMM deverá recolher exemplos de boas práticas dos seus membros e
promover ainda mais o trabalho nesta área.
(aqui)
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