domingo, 5 de junho de 2016

ATIVIDADE FÍSICA, ESCADAS E ELEVADORES - INIQUIDADES E DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

A atividade física enquanto, uma das funções básicas dos seres humanos é uma das principais bases para a saúde ao longo da vida. São conhecidos os seus efeitos benéficos, sobre a redução do risco e da morbilidade das doenças cardiovasculares, da hipertensão, do excesso de peso e da obesidade, da diabetes, de certas formas de cancro, da osteoporose e de outros problemas músculo-esqueléticos (aqui).

A OMS Europa na sua estratégia para a atividade física 2016 – 2025, “Physical activity strategy for the WHO European Region 2016–2025” acrescenta ainda “… it has positive effects on mental health by reducing stress reactions, anxiety and depression and by possibly delaying the effects of Alzheimer’s disease and other forms of dementia. Furthermore, physical activity is a key determinant of energy expenditure and is therefore fundamental to achieving energy balance and weight control. Throughout childhood and adolescence, physical activity is necessary for the development of basic motor skills, as well as musculoskeletal development. Furthermore, physical activity is also embedded in the United Nations Convention on the Rights of the Child. In adults, physical activity maintains muscle strength and increases cardiorespiratory fitness and bone health. Among older people, physical activity helps to maintain health, agility and functional independence and to enhance social participation. It may also help to prevent falls and assists in chronic disease rehabilitation, becoming a critical component of a healthy life.” recomendando a OMS que os adultos, incluindo os idosos, efetuem pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado a intensivo por semana e que as crianças e jovens façam pelo menos 60 minutos de atividade física intensa e vigorosa por dia.

De acordo com a OMS, sendo a atividade física um pré-requisito para saúde física e mental, é necessário que as estratégias para a promoção da atividade física tenha em conta “ Access to safe and attractive public spaces for activity and the opportunity to enjoy quality recreation are vital to the health and personal development of all individuals. There are numerous barriers to individuals participating in physical activity. These include community, school, work and transport environments that are not conducive to incidental physical activity in daily life, high user fees, a lack of awareness of opportunities, transportation, time constraints, personal preferences, cultural and language barriers, self-esteem, issues of access to local recreation facilities and a lack of safe places to play. Strategies must be formulated to remove the barriers that are most relevant to each age, gender and socioeconomic group. Tackling inequalities in physical activity and achieving universal access to environments and facilities that support physical activity across social gradients will be necessary to achieve the best results. Such actions will also support the optimal development of human capital and the economies of all Member States at a time of limited resources. Policies to improve the availability, affordability and acceptability of physical activity for the most vulnerable groups can contribute to reducing their risks of disease and, alongside policies in other areas, may help to close the gaps among and within Member States.”

Vem tudo isto a propósito da apresentação da Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Saúde e do Bem-Estar pela DGS no passado dia 30 de Maio (aqui)(aqui) e do lançamento da campanha «Faça a melhor escolha, vá pelas Escadas» (aqui). Exemplos de uma abordagem centrada naquilo que Michael Marmot no seu livro “The Health Gap: the challenge of na unequeal world” chama de “make healthy choices the easy choices” (aqui), isto é, uma abordagem centrada apenas nas escolhas e decisões do indivíduo, “advice is useful, but it is not how much people that determines whether they behave as the advice suggests” esquecendo as circunstâncias “personal responsibility should be right at the heart of what we are seeking to achieve. But people´s ability to take personal responsibility if they cannot control what happens to them.”

Na primeira nem uma palavra para as desigualdades e iniquidades no acesso à atividade física, apenas referências a “ desfavorecimento social”, ou “ Identificar eventuais barreiras que dificultem a prática de atividade física na comunidade; Determinar as razões que possam condicionar as pessoas para a prática de atividade física; Verificar os efeitos sociais e económicos decorrentes da inatividade física, bem como a relação entre a saúde e a atividade física;” na segunda uma campanha dirigida à uma pequena parte da população portuguesa que no seu dia-a-dia utiliza ou pode utilizar elevadores quer no espaço público, quer no acesso ao seu alojamento, perdendo a DGS mais uma vez a oportunidade de introduzir na sua estratégia a abordagem das “causas das causas” e o estudo dos determinantes sociais na saúde dos portugueses mantendo-se longe da discussão em torno dos “ 10 Conselhos para Ser Saudável” publicados por Liam Donaldson Chief Medical Officer for England em 1999 e criticados por David Gordon do “ Townsend Centre for International Poverty Research” (aqui)

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