A atividade física enquanto, uma das funções básicas
dos seres humanos é uma das principais bases para a saúde ao longo da vida. São
conhecidos os seus efeitos benéficos, sobre a redução do risco e da morbilidade
das doenças cardiovasculares, da hipertensão, do excesso de peso e da
obesidade, da diabetes, de certas formas de cancro, da osteoporose e de outros
problemas músculo-esqueléticos (aqui).
A OMS
Europa na sua estratégia para a atividade física 2016 – 2025, “Physical activity strategy for the WHO European Region 2016–2025” acrescenta ainda “… it
has positive effects on mental health by reducing stress reactions, anxiety and
depression and by possibly delaying the effects of Alzheimer’s disease and
other forms of dementia. Furthermore, physical activity is a key determinant of
energy expenditure and is therefore fundamental to achieving energy balance and
weight control. Throughout childhood and adolescence, physical activity is
necessary for the development of basic motor skills, as well as musculoskeletal
development. Furthermore, physical activity is also embedded in the United
Nations Convention on the Rights of the Child. In adults, physical activity
maintains muscle strength and increases cardiorespiratory fitness and bone
health. Among older people, physical activity helps to maintain health, agility
and functional independence and to enhance social participation. It may also
help to prevent falls and assists in chronic disease rehabilitation, becoming a
critical component of a healthy life.” recomendando a OMS que os adultos,
incluindo os idosos, efetuem pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado
a intensivo por semana e que as crianças e jovens façam pelo menos 60 minutos
de atividade física intensa e vigorosa por dia.
De acordo com a OMS, sendo a
atividade física um pré-requisito para saúde física e mental, é necessário que
as estratégias para a promoção da atividade física tenha em conta “ Access to safe
and attractive public spaces for activity and the opportunity to enjoy quality recreation
are vital to the health and personal development of all individuals. There are numerous barriers to individuals
participating in physical activity. These include community, school, work and
transport environments that are not conducive to incidental physical activity
in daily life, high user fees, a lack of awareness of opportunities,
transportation, time constraints, personal preferences, cultural and language
barriers, self-esteem, issues of access to local recreation facilities and a
lack of safe places to play. Strategies must be formulated to remove the
barriers that are most relevant to each age, gender and socioeconomic group.
Tackling inequalities in physical activity and achieving universal access to
environments and facilities that support physical activity across social
gradients will be necessary to achieve the best results. Such actions will also
support the optimal development of human capital and the economies of all
Member States at a time of limited resources. Policies to improve the availability,
affordability and acceptability of physical activity for the most vulnerable groups
can contribute to reducing their risks of disease and, alongside policies in
other areas, may help to close the gaps among and within Member States.”
Vem tudo isto a propósito da apresentação da Estratégia
Nacional para a Promoção da Atividade Física, da Saúde e do Bem-Estar pela DGS
no passado dia 30 de Maio (aqui)(aqui) e do lançamento da campanha «Faça a melhor escolha,
vá pelas Escadas» (aqui). Exemplos de uma
abordagem centrada naquilo que Michael Marmot no seu livro “The Health Gap: the
challenge of na unequeal world” chama de “make healthy choices the easy choices” (aqui),
isto é, uma abordagem centrada apenas nas escolhas e decisões do indivíduo, “advice
is useful, but it is not how much people that determines whether they behave as
the advice suggests” esquecendo as circunstâncias “personal responsibility
should be right at the heart of what we are seeking to achieve. But people´s
ability to take personal responsibility if they cannot control what happens to
them.”
Na primeira nem uma palavra para as desigualdades e iniquidades
no acesso à atividade física, apenas referências a “ desfavorecimento social”,
ou “ Identificar eventuais barreiras que dificultem a prática de atividade
física na comunidade; Determinar as razões que possam condicionar as pessoas
para a prática de atividade física; Verificar os efeitos sociais e económicos decorrentes
da inatividade física, bem como a relação entre a saúde e a atividade física;”
na segunda uma campanha dirigida à uma pequena parte da população portuguesa
que no seu dia-a-dia utiliza ou pode utilizar elevadores quer no espaço
público, quer no acesso ao seu alojamento, perdendo a DGS mais uma vez a
oportunidade de introduzir na sua estratégia a abordagem das “causas das causas”
e o estudo dos determinantes sociais na saúde dos portugueses mantendo-se longe
da discussão em torno dos “ 10 Conselhos para Ser Saudável” publicados por Liam Donaldson Chief Medical Officer for England em 1999 e criticados por David
Gordon do “ Townsend Centre for International Poverty Research” (aqui)
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