sábado, 25 de junho de 2016

QUEM DEVE FINANCIAR A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

Num artigo hoje publicado na revista Lancet, intitulado “Who should finance WHO's work on emergencies?” os autores discutem as fontes de financiamento necessárias para a operacionalização do programa para emergências e epidemias de saúde, através do Fundo de Contingência para acompanhamento de Emergências aprovado em maio de 2015 durante a 68ª Assembleia Mundial da Saúde, calculando que as necessidades iniciais para o referido programa serão de 100 milhões de dólares para o capital inicial e cerca 300 milhões por ano para o seu funcionamento.
No artigo os autores discutem a necessidade de clarificar as fontes de financiamento, tendo em conta que 75% do orçamento da Organização Mundial de Saúde provém de contribuições voluntárias e apenas 25% das contribuições dos estados-membros.
Esta distribuição das fontes de financiamento contraria o imaginário coletivo de que as organizações internacionais como a OMS são financiadas pelos governos dos estados membros que a constituem, e põe em causa a conotação de neutralidade das suas decisões em busca do bem comum.
Num artigo recente publicado no blog Crítico (iniciativa de: Medicusmundi Catalunya, - Farmacèutics Mundi, Quepo e Greds-Emconet) (aqui) os autores fazem eco da preocupação manifestada por peritos internacionais acerca da “privatização da OMS” (aqui)e do peso crescente dos doadores privados, principalmente fundações e empresas farmacêuticas questionando a forma como são determinadas as prioridades da organização em particular no que respeita a vacinas e medicamentos, bem como o papel crescente da Organização Mundial do Comércio na regulação das patentes e no comércio de medicamentos.

Bill & Melinda Gates Foundation
375,5 milhões de dólares
GAVI – Vaccine Alliance
138,8 milhões de dólares
Club Rotary Internacional
66 milhões de dólares
Unitaid
33,5 milhões de dólares
African Development Bank
33 milhões de dólares
National Philanthropic Trust
22,7 milhões de dólares
GlaxoSmithKline
18 milhões de dólares
Centre Carter
13,2 milhões de dólares
The Task Force for Global Health (Pfizer,  Merck, GSK rBill & Melinda Gates Foundation)
11,6 milhões de dólares
Merck
10,7 milhões de dólares
 Fonte: Desmuntant la neutralitat de l’Organització Mundial de la Salut



Fica a pergunta até que ponto o atual modelo de financiamento da OMS permite que esta trabalhe para o bem comum.