Num artigo hoje publicado na revista Lancet,
intitulado “Who should finance WHO's work on emergencies?” os autores discutem
as fontes de financiamento necessárias para a operacionalização do programa
para emergências e epidemias de saúde, através do Fundo de Contingência para
acompanhamento de Emergências aprovado em maio de 2015 durante a 68ª Assembleia
Mundial da Saúde, calculando que as necessidades iniciais para o referido programa
serão de 100 milhões de dólares para o capital inicial e cerca 300 milhões por
ano para o seu funcionamento.
No artigo os autores discutem a necessidade de
clarificar as fontes de financiamento, tendo em conta que 75% do orçamento da
Organização Mundial de Saúde provém de contribuições voluntárias e apenas 25%
das contribuições dos estados-membros.
Esta distribuição das fontes de financiamento contraria
o imaginário coletivo de que as organizações internacionais como a OMS são
financiadas pelos governos dos estados membros que a constituem, e põe em causa
a conotação de neutralidade das suas decisões em busca do bem comum.
Num artigo recente publicado no blog Crítico
(iniciativa de: Medicusmundi Catalunya, - Farmacèutics Mundi, Quepo e Greds-Emconet) (aqui) os autores fazem eco da preocupação manifestada por peritos internacionais
acerca da “privatização da OMS” (aqui)e do peso crescente dos doadores privados,
principalmente fundações e empresas farmacêuticas questionando a forma como são
determinadas as prioridades da organização em particular no que respeita a
vacinas e medicamentos, bem como o papel crescente da Organização Mundial do
Comércio na regulação das patentes e no comércio de medicamentos.
Bill & Melinda Gates
Foundation
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375,5 milhões de dólares
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GAVI – Vaccine Alliance
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138,8 milhões de dólares
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Club Rotary
Internacional
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66 milhões de dólares
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Unitaid
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33,5 milhões de dólares
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African Development Bank
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33 milhões de dólares
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National Philanthropic Trust
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22,7 milhões de dólares
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GlaxoSmithKline
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18 milhões de dólares
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Centre Carter
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13,2 milhões de dólares
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The Task
Force for Global Health (Pfizer, Merck,
GSK rBill & Melinda Gates Foundation)
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11,6
milhões de dólares
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Merck
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10,7
milhões de dólares
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Fonte: Desmuntant la neutralitat
de l’Organització Mundial de la Salut
Fica a pergunta até que ponto o atual modelo de
financiamento da OMS permite que esta trabalhe para o bem comum.