quarta-feira, 14 de outubro de 2015

EFEITO ROSETO - A FORÇA DA COMUNIDADE

Em 1964, Stewart Wolf médico e professor na Universidade de Oklahoma, escrevia uma carta ao Editor do Jornal da Associação Médica Americana (JAMA) dando conta da sua surpresa pelo facto da população da pequena localidade de Roseto na Pensilvânia, habitada por uma comunidade de migrantes italianos vindos da original Roseto Valfortore, na província de Foggia, Itália, apresentar um reduzido número de mortes por doença cardiovascular em particular nos homens com menos de 55 anos. Ao longo dos anos seguintes Stewart Wolf e John Brown, sociólogo, e as suas equipas procuraram estudar e encontrar as “ causas” para esta realidade.

À medida que os estudos decorriam surgiram mais surpresas, os habitantes de Roseto não se distinguiam das comunidades à sua volta, tal como Malcolm Gladwell os descreve no seu livro Outliers “ Wolf's first thought was that the Rosetans must have held on to some dietary practices from the old world that left them healthier than other Americans. But he quickly realized that wasn't true. The Rosetans were cooking with lard, instead of the much healthier olive oil they used back in Italy. Pizza in Italy was a thin crust with salt, oil, and perhaps some tomatoes, anchovies or onions. Pizza in Pennsylvania was bread dough plus sausage, pepperoni, salami, ham and sometimes eggs. Sweets like biscotti and taralli used to be reserved for Christmas and Easter; now they were eaten all year round. When Wolf had dieticians analyze the typical Rosetan's eating habits, he found that a whopping 41 percent of their calories came from fat. Nor was this a town where people got up at dawn to do yoga and run a brisk six miles. The Pennsylvanian Rosetans smoked heavily, and many were struggling with obesity.”
Afastada esta e outras explicações (herança genética) a causa das causas foi encontrada na estrutura social da comunidade, onde as tradições, a família, a solidariedade e o igualitarismo prevaleciam sobre outros valores e tornavam evidente que a coesão e o suporte social tinham efeitos sobre a longevidade.

A história continua em 1992 no trabalho The Roseto Effect: A 50-Year Comparison of Mortality Rates” , publicado no American Journal of Public Health, quando os autores voltaram a mergulhar nos dados estatísticos de Roseto, encontrando uma alteração epidemiológica que aproximava agora a comunidade de Roseto do padrão de mortalidade por doença cardiovascular das comunidades vizinhas, à medida que os " rosetans" se americanizaram modificando a estrutura social da sua comunidade.



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