Na madrugada de 23 de
Outubro as agências noticiosas internacionais chamavam a atenção
para a formação do Furacão Patrícia, que em poucas horas era classificado no ponto mais devastador da escala que classifica os furacões, a categoria 5. Felizmente e à medida que atingia a costa
do México perdia intensidade acabando por não ter um efeito tão
devastador como previsto. No entanto, e apesar de não ser tão
devastador como previsto veio mais uma vez demonstrar que os
desastres naturais não atingem todos por igual, atingindo sobretudo as pessoas
de nível social mais desfavorecido.
O título de uma notícia de um
jornal digital “Huracán Patrícia castiga a los más pobres en Jalisco” confirma as conclusões de numerosos estudos publicados
nos últimos 20 anos, que mostram que os eventos classificados como
“naturais” põem a nu as desigualdades que atravessam a
sociedade.
Em 1995, Klinenberg estudou a Onda de Calor que afetou Chicago, descobrindo que as 700
mortes verificadas só podiam ser explicadas através de uma
“autópsia social” concluindo que estas mortes não eram
consequência “natural” da Onda de Calor mas eram antes moldadas
pelo contexto e pela organização social humana.
Mais recentemente o
efeito do furacão Katrina veio confirmar a necessidade de uma
autópsia social sobre o efeito da devastação causada em Nova
Orleans e arredores pelo furacão Katrina. Devido às inundações
mais de 75% da população teve que ser deslocada durante a noite, a maioria dos que não puderam escapar eram pobres que viviam em comunidades historicamente desfavorecidas. A maioria eram afro-americanos e não tiveram condições nem acesso a transporte que os evacuasse.
Como diz Klinenberg “
Medical science can tell us little about the social conditions that
affect the course of our lives and the context of our deaths.
Excessive use of the medical microscope obscures or makes invisible
the social pathologies that generate illness and disease."
Sem comentários:
Enviar um comentário