No seu último relatório “Perspetivas sociais e de emprego no mundo em 2015: mudança na natureza do emprego” a
Organização Internacional do Trabalho estima que em 2014 os números do
desemprego tenham atingindo a nível mundial 201 milhões de pessoas, um numero
superior em mais de 30 milhões ao que existia antes do início da crise global
em 2008. No referido relatório a OIT mostra a sua preocupação com “ a diminuição
do modelo de emprego clássico, na qual os trabalhadores auferem e remunerações
no quadro de uma relação de dependência vis-à-vis com os seus empregadores, têm
empregos estáveis e trabalham a tempo completo ” e com o crescimento do número
de trabalhadores contratados a tempo temporário ou parcial, em 2014, 6 em cada
10 trabalhadores assalariados em todo o mundo encontravam-se numa situação de
trabalho a tempo parcial ou temporário, não se verificando uma diminuição do
número de empregos na economia informal e no trabalho familiar não remunerado
em particular nos países em desenvolvimento.
As mudanças em curso contribuem
para uma crescente dissociação entre os rendimentos do trabalho e a produtividade,
com esta última a crescer mais rapidamente do que os salários na maior parte
das regiões do mundo, provocando uma diminuição da procura agregada em 3.700
milhões de dólares, repercutindo-se no aumento do desemprego, no consumo, no
investimento e nas receitas públicas, alimentando o aumento das desigualdades
de rendimentos.
A mudança que se tem verificado nos
últimos anos, devido às alterações no trabalho, no mercado de trabalho e na
situação de emprego têm vindo a aumentar as desigualdades socias representando
um enorme desafio para a saúde pública mundial. De há muito que o emprego, a
proteção social e as condições de trabalho têm efeitos poderosos sobre a
equidade em saúde, uma vez que fornecem proteção de rendimentos, estatuto
social, desenvolvimento pessoal, relações sociais e autoestima, e proteção
contra a doença física e psicossocial.
As condições de emprego podem
determinar principalmente, as condições que existem em locais de
trabalho. As condições em que as pessoas trabalham têm um impacto direto sobre
a sua saúde. As desigualdades provenientes do emprego e das condições de
trabalho estão intimamente ligados com o aumento das desigualdades de saúde nos
acidentes de trabalho, nas lesões, nas doenças crónicas, nos problemas de saúde
e na mortalidade.
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